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CAPÍTULO 66: “Que Casa Me Edificareis Vós? E Qual Seria O Lugar Do Meu Descanso?”

Este último capítulo do Livro de Isaías começa com um mandamento, em vigor durante todas as épocas do mundo, de que os justos erguessem templos ao Senhor. Oferecer sacrifícios indignamente é condenado, bem como estar envolvidos e em abominações e perseguição dos humildes e mansos. Quando o Senhor vier novamente, os que estiverem praticando iniquidades ficarão envergonhados. Na Segunda Vinda do Senhor os iníquos serão feridos, Israel como nação será restaurada em um dia e as nações gentias do mundo serão convidadas a virem adorar ao Senhor. Os sobreviventes olharão para os numerosos cadáveres com horror.
Este último capítulo marca o final da grande divisão do Livro de Isaías, abrangendo os capítulos 55 até 66, onde é descrito o retorno glorioso da antiga nação de Israel à sua terra natal, depois do arrependimento e purificação.[1]
No versículo 1 o Senhor declara que Ele é o Criador de todas as coisas: “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso?”[2] Os homens justos foram ordenados em todas as eras a erigirem templos ao Senhor. Este versículo descreve um templo que seria edificado nos últimos dias, antes da Segunda Vinda do Senhor.
Em Doutrina e Convênios o Senhor ordenou Seus discípulos dos últimos dias:
“Portanto em verdade vos digo que …vossos estatutos e julgamentos para o início das revelações e do alicerce de Sião e para a glória, honra e investidura de todos os seus munícipes são prescritos pela ordenança de minha casa santa, a qual meu povo sempre recebe ordem de construir a meu santo nome” (ênfases adicionadas).[3]
O Senhor declarou também em Doutrina e Convênios:
“E se meu povo me construir uma casa em nome do Senhor e não permitir que nela entre qualquer coisa impura, de modo que não seja profanada, minha glória descansará sobre ela;
“Sim, e minha presença lá estará, porque entrarei nela; e todos os puros de coração que nela entrarem verão a Deus”.[4]
Nos versículos 2 até 4 a voz do Senhor contrasta os malfeitores com Seus discípulos justos e humildes. No versículo 2 o Senhor disse: “Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o Senhor; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra”. Apesar do Senhor haver criado os céus e a Terra, Seu maior interesse está no homem contrito que treme da Sua palavra. O Senhor dá revelações àqueles que têm corações humildes e espíritos contritos, que aprendem com os ensinamentos do Senhor—dados através das escrituras, de seus profetas vivos e do Espírito Santo—com admiração, assombro e reverência.[5]
Falando contra o orgulho, Ezra Taft Benson declarou: “Orgulho é o pecado universal, o grande vício. … O antídoto para o orgulho é a humildade―mansidão, submissão. É o coração quebrantado e o espírito contrito”.[6]
O versículo 3 declara que sacrifícios oferecidos indignamente são grandes abominações: “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz a um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações”. Matar um boi para oferecer como sacrifício, sacrificar um cordeiro, oferecer uma oblação, e queimar incenso, indignamente, são comparados com assassinato, com matar um cão, com oferecer sangue de porco, e com a bendição de um ídolo, respectivamente. Sob a Lei Mosaica as abominações descritas aqui foram definidas em detalhes.[7] Neste versículo o Senhor adverte àqueles que edificariam templos nos últimos dias a não entrarem neles indignamente, nem a fazerem ordenanças sagradas sem primeiro purificarem-se através do arrependimento sincero. Aqueles que se deleitam em iniquidades enquanto mantêm uma aparência de que estão participando em ordenanças sagradas estão cometendo um escárnio solene.
O versículo 4 declara a maldição sobre os iníquos: “Também eu escolherei as suas calamidades, farei vir sobre eles os seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer”. Aqueles que não dão ouvidos ao Senhor e praticam o mal sofrerão calamidades e temores.
Os versículos 3 e 4 contêm um quiasma:
A: (3) Quem mata um boi
B: é como o que tira a vida a um homem;
A: quem sacrifica um cordeiro
B: é como o que degola um cão;
A: quem oferece uma oblação
B: é como o que oferece sangue de porco;
A: quem queima incenso em memorial
B: é como o que bendiz a um ídolo;
C: também estes escolhem os seus próprios caminhos,
C: e a sua alma se deleita nas suas abominações.
B: (4) Também eu escolherei as suas calamidades,
A: farei vir sobre eles os seus temores;
B: porquanto clamei
A: e ninguém respondeu,
B: falei
A: e não escutaram;
B: mas fizeram o que era mau aos meus olhos,
A: e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
Este quiasma exibe uma forma escalonada, como os outros dois exemplos no capítulo anterior. As quatro apresentações do primeiro elemento (A)—“Quem mata um boi”, “quem sacrifica um cordeiro”, “quem oferece uma oblação”, e “quem queima incenso em memorial”, no versículo 3—são coletivamente equivalentes às quatro reflexões (A) no versículo 4: “Farei vir sobre eles os seus temores”, “ninguém respondeu”, “não escutaram”, e “e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer”. Estas comparações confirmam que os sacrifícios e as oblações são feitos iniquamente, não em obediência às leis do Senhor. As apresentações do segundo elemento (B) deste quiasma e suas reflexões também aparecem quatro vezes: “É como o que tira a vida a um homem”, “é como o que degola um cão”, “é como o que oferece sangue de porco”, e “é como o que bendiz a um ídolo”, e descrevem a inaceitabilidade absoluta das ofertas mencionadas no primeiro elemento. Estas frases são equivalentes, coletivamente, às quatro apresentações do segundo elemento (B) no versículo 4: “Também eu escolherei as suas calamidades”, “porquanto clamei”, “falei” e “fizeram o que era mau aos meus olhos” descrevem a falta de vontade do povo em dar ouvidos ao Senhor ou obedecê-Lo. A frase “Também estes escolhem os seus próprios caminhos” é equivalente à frase “a sua alma se deleita nas suas abominações”, que formam o enfoque deste quiasma. A iniquidade do povo—recusando-se a escolher o caminho do Senhor, e preferindo deleitar-se em abominações—faz com que os seus sacrifícios sejam abomináveis perante o Senhor.
Os versículos 5 até 9 descrevem como Sião nascerá como nação em um dia quando o Senhor voltar. O versículo 5 começa: “Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra. Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por amor do meu nome, dizem: Seja glorificado o Senhor, para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos”. Aqueles que perseguem os justos—odiando-os e expulsando-os para a glória do Senhor, como eles supunham—ficarão envergonhados na Sua vinda, enquanto que os justos, os que tremem da sua palavra e são perseguidos, receberão o Senhor com alegria.
No versículo 6 diz que se ouvirá a voz do Senhor: “Uma voz de grande rumor virá da cidade, uma voz do templo, a voz do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos”. O Grande Pergaminho de Isaías diz “Uma voz de grande rumor na cidade …”.[8] Os rumores na cidade serão as vozes dos justos, recebendo o Senhor.
Os versículos 5 e 6 contêm um quiasma:
A: (5) Ouvi a palavra do Senhor,
B: os que tremeis da sua palavra.
C: Vossos irmãos, que vos odeiam
C: e que para longe vos lançam por amor do meu nome, dizem: Seja glorificado o Senhor,
B: para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos.
A: (6) Uma voz de grande rumor virá da cidade, uma voz do templo, a voz do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos.
A mensagem deste quiasma é que aqueles que expulsaram ou perseguiram os justos, de qualquer forma, devido às suas verdadeiras crenças no Senhor, serão contados como inimigos do Senhor na Sua vinda. “Ouvi a palavra do Senhor” complementa “Uma voz de grande rumor virá da cidade, uma voz do templo, a voz do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos”. A voz do Senhor pode ser ouvida de diversas maneiras—no templo e nas ordenanças que são feitas lá, no castigo dos inimigos do Senhor e na destruição que logo recairá sobre os iníquos. “Os que tremeis da sua palavra” corresponde à “para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos”. Aqueles que acreditam no Senhor glorificá-Lo-ão; Sua vinda será uma alegria para eles.
Os versículos 7 e 8 descrevem o nascimento da nação de Sião; o versículo 7 começa com uma analogia: “Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um menino”. Na analogia uma mulher dá à luz seu filho antes de entrar em trabalho de parto e antes de sentir as dores do parto—obviamente uma reversão improvável da ordem natural.
O versículo 8 explica a analogia, usando uma série de perguntas retóricas: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”. As primeiras duas perguntas ilustram a improbabilidade da ordem natural ser revertida. As últimas duas perguntas explicam a analogia: “Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”. Sião—referindo-se aqui tanto a um lugar de coligação espiritual quanto a um lugar de coligação física, a justa Jerusalém[9]—seria estabelecida num só dia na época da Segunda Vinda do Senhor. Além destes dois significados para “Sião”, outras interpretações também podem ser possíveis.
Os versículos 7 e 8 contêm um quiasma:
A: (7) Antes que estivesse de parto, deu à luz;
B: antes que lhe viessem as dores,
C: deu à luz um menino.
D: (8) Quem jamais ouviu tal coisa?
D: Quem viu coisas semelhantes?
C: Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia?
B: Nasceria uma nação de uma só vez?
A: Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.
Neste quiasma o profeta Isaías e observadores nos últimos dias destes preditos acontecimentos expressam espanto que Jerusalém seria estabelecida em um dia. “Antes que estivesse de parto, deu à luz” é igual à “Mas seus filhos”; “Sião” é identificada por estas declarações equivalentes. Quase sem entrar em trabalho de parto Sião dá à luz um menino, que representa a justa Jerusalém.
O versículo 9 apresenta mais duas perguntas retóricas do Senhor: “Abriria eu a madre, e não geraria? diz o Senhor; geraria eu, e fecharia a madre? diz o teu Deus”. O Senhor assume responsabilidade por este glorioso acontecimento—fazendo com que se realize—e promete estar presente, figurativamente, trazendo presentes. Quanto a nós, precisamos ter fé no glorioso e prometido final das tribulações que já estão sobre nós—enchentes, terremotos, seca e fome, guerras e rumores de guerra, ódio, assassinatos, e assim por diante. Estas catástrofes deixam as pessoas que não têm fé consternadas e assustadas, perguntando “que Deus é esse, que permite tais coisas acontecerem?”
Os versículos 10 até 14 descrevem as bênçãos e alegrias preditas para a justa Jerusalém. O versículo 10 começa: “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes”. Todos os que amam Jerusalém e que lamentaram por ela, durante suas tribulações, regozijarão e alegrar-se-ão.
O versículo 11 continua: “Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória”. Mantendo a analogia do nascimento dos versículos 7 até 9, as bênçãos a serem recebidas pela justa Jerusalém são simbolizadas pelo leite de peito.
O versículo 12 descreve mais sobre as bênçãos dadas à Jerusalém: “Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória dos gentios como um ribeiro que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão”. Jerusalém desfrutará de paz e glória duradouras—ou seja, de abundância, riquezas e poder militar—das nações gentias.[10] Os justos que habitarem em Jerusalém serão cuidados pelo Senhor, como as crianças são cuidadas por suas mães.
O versículo 13 explica a metáfora: “Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados”.
Os versículos 10 até 13 contêm um quiasma:
A: (10) Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais;
B: enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes;
C: (11) Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
D: (12) Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio,
D: e a glória dos gentios como um ribeiro que transborda;
C: então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.
B: (13) Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei;
A: e em Jerusalém vós sereis consolados.
Este quiasma declara que a Jerusalém restaurada se beneficiará tanto da paz dada pelo Senhor quanto da glória, ou riquezas, dos gentios. “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais” é complementado por “em Jerusalém vós sereis consolados”. “Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória” compara-se com “então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão”. A alegria de estar na Jerusalém restaurada é comparada, metaforicamente, ao conforto e ao leite dado pela mãe que amamenta seu bebê. “Estenderei sobre ela a paz como um rio” corresponde à “a glória dos gentios como um ribeiro que transborda”.
O versículo 14 conclui: “E vós vereis e alegrar-se-á o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos”. Ao ver o conforto de Jerusalém os corações dos homens alegrar-se-ão. As bênçãos do Senhor sobre os justos e Sua ira contra os Seus inimigos serão reconhecidas por todos.
No original em inglês, a famosa e amada música de Natal do compositor Isaque Watts “Mundo Feliz, Nasceu Jesus” é, em verdade, uma música sobre a Segunda Vinda do Senhor. Talvez esta música será cantada pelos justos quando estiverem recebendo o Senhor:
Mundo feliz, veio Jesus. Veio trazendo a luz!
Trazendo a salvação, Trazendo a redenção, Louvemos ao Senhor!
Mundo feliz, o seu perdão Roguemos em união!
Na terra e no mar, Cantemos sem cessar, Cantemos seu louvor!
Mundo feliz, hoje afinal, Vencido foi o mal!
Em nosso coração, em santa contrição, Roguemos seu perdão!
Mundo feliz, louvai a Deus Aos gratos dotes seus!
O Filho nos mandou, Ao pecador salvou Hosanas ao Senhor![11]
Os versículos 15 até 18 descrevem a gloriosa vinda do Senhor e destruição dos iníquos que acompanharia este acontecimento culminante. O versículo 15 declara: “Porque, eis que o Senhor virá com fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo”. O Grande Pergaminho de Isaías diz carro, ao invés da forma plural.[12] O Senhor virá entre as chamas de fogo, as quais destruirão os iníquos. Carros de fogo—combinando, quiasmaticamente, os elementos equivalentes desta descrição—foram mencionados em outras partes no Velho Testamento. O profeta Elias foi arrebatado aos céus por um carro de fogo;[13] Eliseu, o sucessor de Elias, viu um exército celestial com carros de fogo, rodeando e defendendo Israel durante uma batalha.[14] Despois de chamar, pacientemente, o Seu povo errante ao arrependimento, o Senhor virá em Sua ira e furor para destruir os ímpios. O tempo para arrepender-se—“o ano aceitável do Senhor” descrito no capítulo 61 por Isaías[15]—já haverá passado.
O versículo 16 descreve a destruição dos iníquos: “Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados”.[16] O significado em hebraico de “com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne” é que “toda a carne será julgada pelo Senhor”.[17] O Senhor destruirá multidões de iníquos na Sua Segunda Vinda, tanto pela espada quanto pelo fogo.[18]
O Senhor, em Doutrina e Convênios, deu mais informações acerca de Sua Segunda Vinda:
“Eis que é meu desejo que todos os que invocam meu nome e me adoram, de acordo com meu evangelho eterno, se reúnam e permaneçam em lugares santos;
“E preparem-se para a revelação que virá quando o véu que cobre meu templo, em meu tabernáculo, que oculta a Terra, for retirado; e toda carne juntamente me verá.
“E toda coisa corruptível, seja do homem ou dos animais do campo ou das aves do céu ou dos peixes do mar, que habita na face da Terra, será consumida;
“E também o que for de elementos derreter-se-á com calor fervente; e todas as coisas tornar-se-ão novas, para que meu conhecimento e minha glória habitem em toda a Terra”.[19]
Foi também mostrado a Malaquias a gloriosa Segunda Vinda. O Senhor ressuscitado repetiu a descrição de Malaquias aos nefitas, bem como aos Seus discípulos nos últimos dias: “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”.[20]
O versículo 17 continua a descrição dos injustos que perecerão: “Os que se santificam, e se purificam, nos jardins uns após outros; os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz o Senhor”. A santificação e purificação como descritas neste versículo referem-se à adoração idólatra, ao invés ao verdadeiro arrependimento e purificação através da Expiação. Os pecados descritos aqui são infrações específicas da Lei Mosaica, mas representam a desobediência deliberada.[21] Comer carne de porco,[22] comer carne de rato,[23] e outras abominações são repugnantes ao Senhor e resultarão em destruição.[24]
O versículo 18 sumariza os versículos anteriores e apresenta o seguinte: “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações e línguas; e virão e verão a minha glória”. Visto que o Senhor conhece os nossos pensamentos, alguns serão destruídos enquanto que outros serão reunidos para ver a glória do Senhor.
Ao citar o versículo 18, Neal A. Maxwell ensinou:
“Deus, que é Todo-Poderoso e capaz, permite que todos os mortais tenham liberdade de escolha. No entanto, quão gratos devemos ser pelo fato de Deus ter decidido há muito tempo resgatar e ressuscitar todos os Seus filhos por meio da Expiação de Seu Filho. Não obstante, alguns rejeitam essa e outras bênçãos divinas e muitos são indiferentes à elas, basicamente porque estão por demais preocupados com os cuidados do mundo. O Salvador lhes é estranho, estando longe de seus pensamentos e desígnios de seus corações.[25]
“Em meio à inacreditável vastidão do plano de Deus é incrível notarmos Sua natureza tão pessoal. Por exemplo, ‘… [Deus] observa todos os filhos dos homens e conhece todos os seus pensamentos e intenções’”.[26][27]
Nos versículos 19 até 22 diz que mensageiros iriam convidar os gentios por todo o mundo a virem adorar ao Senhor. No versículo 19, o Senhor prediz: “E porei entre eles um sinal, e os que deles escaparem enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, flecheiros, a Tubal e Javã, até às ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha glória; e anunciarão a minha glória entre os gentios”.[28] O Grande Pergaminho de Isaías diz “E porei entre eles sinais …”.[29] “Os que deles escaparem” referem-se aos que sobreviverem as destruições por causa de sua retidão. O sinal a ser enviado entre os gentios representa o evangelho restaurado, inclusive O Livro de Mórmon. Os nomes mencionados aqui representam descendentes dos três filhos de Noé—Sem, Cão e Jafé.[30] Tubal [31] e Javã[32] eram filhos de Jafé; Jafé é considerado o fundador da raça grega.[33] Társis [34] era filho de Javã; Pul, ou Pute,[35] era filho de Cão; e Lude[36] era filho de Sem. “Às ilhas de mais longe” podem estar se referindo às nações dos gentios, compostas dos filhos de Jafé.[37]
O versículo 20 descreve a grande e final coligação de Israel dentre todas as nações da Terra: “E trarão a todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao Senhor, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor; como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor”. “Todos os vossos irmãos” referem-se às tribos dispersas de Israel. “Meu santo monte” significa o templo; aqui significa também a cidade de Jerusalém, onde o templo seria construído.[38] Os justos coligados são comparados a uma oferta de trigo ao Senhor.[39] O trabalho de coligação dos justos dentre os iníquos é comparado à colheita de feixes de trigo em várias partes nas escrituras.[40]
O versículo 20 contém um quiasma:
A: (20) E trarão a todos os vossos irmãos,
B: dentre todas as nações, por oferta ao Senhor, sobre cavalos,
C: e em carros,
D: e em liteiras,
D: e sobre mulas,
C: e sobre dromedários,
B: trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor;
A: como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor.
A mensagem deste quiasma é que a casa restaurada de Israel traria uma oferta ao Senhor em justiça, que seria aceita pelo Senhor. “Trarão a todos os vossos irmãos” corresponde à “como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor”. Os coligados de Israel usarão de todos os meios de transportes para irem à cidade de Jerusalém para apresentarem a oferta ao Senhor.
O versículo 21 declara: “E também deles tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor”. Dos que foram coligados das nações da Terra, o Senhor apontaria alguns para serem ordenados ao sacerdócio e exercerem as funções do sacerdócio.
João Batista, ao conferir o sacerdócio a Joseph Smith e Oliver Cowdery, declarou que o sacerdócio “nunca mais será tirado da Terra, até que os filhos de Levi tornem a fazer, em retidão, uma oferta ao Senhor”.[41] A oferta aceitável descrita no versículo 20 seria feita por aqueles apontados como sacerdotes e Levitas, ou filhos de Levi, como foi descrito no versículo 21 em cumprimento da declaração de João Batista.
No versículo 22, o Senhor declara que a semente justa de Israel estaria diante de Sua face perpetuamente: “Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”.[42] Aqui o Senhor fala coletivamente à toda Israel, como foi demonstrado pelo uso da segunda pessoa do plural, “vossa”. A promessa do Senhor—em cumprimento ao Convênio Abraâmico[43]—é que assim como os novos céus e a nova Terra permaneceriam para sempre, os justos de Israel e seu nome também permaneceriam.
No versículo 23 o Senhor declara que todos viriam perante Ele para adorá-Lo: “E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor”. Todos os que restarem na Terra servirão ao Senhor e adorá-Lo-ão.
No versículo 24 o Senhor prevê os sobreviventes das destruições saindo para observar os danos: “E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne”. O grande número de cadáveres causados pela destruição dos ímpios seria uma praga para os remanescentes. A destruição dos antigos jareditas, descrita no Livro de Mórmon, é um símbolo para esta condição detestável.[44] Isaías descreve a destruição dos iníquos na época da Segunda Vinda do Senhor no capítulo 34, usando semelhantes descrições.[45] Fogo é símbolo das dores do remorso que os iníquos sentirão. A frase “o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará” descreve a agonia—comparada à doença de parasitas intestinais—que sentirão perpetuamente pelos espíritos dos iníquos até o julgamento final. A frase também aparece no Novo Testamento e em Doutrina e Convênios com o mesmo significado.[46]
O versículo 24 contém um quiasma:
A: (24) E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim;
B: porque o seu verme nunca morrerá,
B: nem o seu fogo se apagará;
A: e serão um horror a toda a carne.
O tormento dos que perecerem na Segunda Vinda do Senhor não terminará com suas mortes, mas continuará até o julgamento. “E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim” comparara-se com “serão um horror a toda a carne”.
NOTAS
[1]. Os capítulos 2 até 39 descrevem Israel em sua terra natal num estado de iniquidade; os capítulos 40 até 54 descrevem Israel em exílio no mundo em geral, interagindo com pessoas e acontecimentos; e os capítulos 55 até 66 descrevem o retorno glorioso de Israel à sua terra natal depois de seu arrependimento e purificação.
[2]. Os versículos 1 e 2 contêm um quiasma: Diz o SENHOR/o céu é o meu trono, e a terra o escabelo/casa me edificaríeis vós//o lugar do meu descanso/a minha mão fez todas estas coisas/diz o Senhor.